A Fábrica

Abril 30 2009

Aravind Adiga é um jovem escritor indiano nascido a 23 de Outubro de 1974 no sul da Índia, na cidade de Chenai, a antiga Madras.
Nascido no seio de uma de uma família da classe média, ainda criança foi viver para Mangalore. Na adolescência foi viver com a família para a Austrália, onde se tornou cidadão australiano, tendo por isso dupla nacionalidade.
A seguir, estudou literatura em Nova Iorque (Universidade de Columbia) e em Inglaterra (Oxford). Começou a escrever para jornais ingleses ("Financial Times" e "The Guardian"), regressando posteriormente à Índia, onde se tornou correspondente permanente da revista "Time" para o Sul da Ásia.
Com seu romance de estreia, O Tigre Branco, publicado em Portugal pela Editorial Presença, ganhou o Booker Prize 2008, repetindo a façanha da sua compatriota Arundhati Roy, que venceu o mesmo Prémio em 1997 com seu primeiro livro, O Deus Das Pequenas Coisas.
Continua hoje a ser jornalista, mas exerce a profissão em regime parcial e livre. Entretanto, publicou em Novembro do ano passado, na Índia o seu segundo livro, "Between the Assassinations", ainda não disponível a nível internacional.
publicado por Armando S. Sousa às 17:12
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Abril 30 2009

Para o gabinete do Primeiro-Ministro:
Sua Excelência Wen Jiabao
Pequim
Capital da Nação Amante da Liberdade da China
Do gabinete de:
"O Tigre Branco"
Um homem dado à reflexão
E um empresário
Que reside no centro mundial de Tecnologia e Subcontratação Electronics City Phase 1 (mesmo à saída de Hosur Main Road) Bangalore, Índia
Sr. Primeiro-Ministro
Nem eu nem o senhor falamos inglês, mas há coisas que só podem ser ditas em inglês.
A minha antiga patroa, a falecida ex-mulher do Sr. Ashok, Madame Pinky, ensinou-me umas quantas coisas; e, às 11h32 da noite de hoje, o que foi à cerca de dez minutos, quando a senhora da All India Radio anunciou: "O Primeiro-Ministro Jiabao chega a Bangalore na próxima semana", saiu-me logo uma delas.
Na verdade, sempre que homens ilustres como o senhor visitam o nosso país, sai-me sempre o mesmo. Não que eu tenha alguma coisa contra homens ilustres. À minha maneira, senhor, considero-me um seu igual. Mas sempre que vejo o nosso primeiro-ministro e os seus distintos colaboradores chegados serem conduzidos ao aeroporto em automóveis pretos, saírem e porem-se a fazer-lhe namastés diante duma câmara de televisão e a assegurarem-lhe de que a Índia é santa e virtuosa, não me consigo conter de dizer aquilo em inglês.
Bom, então, Vossa Excelência sempre nos vem visitar na próxima semana, não é verdade? Em geral, a All India Radio é de fiar em assuntos deste âmbito.
Era uma piada, senhor.
Ah!
É por isso que me decidi a perguntar-lhe directamente se é mesmo verdade que vem a Bangalore. Porque, a ser assim, tenho algo importante a comunicar-lhe. Sabe, a senhora da rádio disse: " O Senhor Jiabao vem em missão: quer conhecer a verdade a respeito de Bangalore".
Senti o sangue gelar-me nas veias. Se há alguém que saiba a verdade a respeito de Bangalore, essa pessoa seu eu.
A seguir, a senhora locutora acrescentou: " O Senhor Jiabao pretende conhecer alguns empresários indianos e ouvir a história do seu êxito pela sua própria boca".
Aqui, ela explicou um pouco melhor. Ao que consta, senhor, vocês, os chineses, encontram-se muito adiantados em relação a nós em todos os aspectos, à ecepção do facto de não terem empresários. E a nossa nação, apesar de não ter àgua potável, nem electricidade, nem sistemas de esgotos, nem transportes públicos, nem regras de higiene, nem disciplina, nem boas maneiras, nem pontualidade, verdade seja dita que empresários não lhe faltam. São aos milhares. Sobretudo na área da tecnologia. E foram estes mesmos empresários - nós, empresários- que implantaram todas as empresas de subcontratação que agora praticamente governam a América.
Primeira página do livro O Tigre Branco, de Aravind Adiga, EDITORIAL PRESENÇA, 1ª edição, Março 2009
Da contra capa:
Premiado com o Booker Prize de 2008, O Tigre Branco é um romance de estreia auspicioso que, sem cair no cliché do romantismo exótico e superficial, nos revela uma Índia ainda muito pouco explorada pela ficção, a Índia negra, violenta e exuberante das desigualdades socioculturais endémicas. Aravind Adiga oferece-nos um retrato cru e muito pouco glamoroso da desumana realidade de vida das classes mais pobres pela voz espirituosa e mordaz do narrador, Balram Halwai, um jovem que cresce no interior miserável da Índia e se torna um empresário de sucesso em Bangalore. E é através do seu percurso moralmente ambíguo que conhecemos as discrepâncias chocantes entre o luxo extravagante da elite rica dos boulevards e a luta desesperada pela sobrevivência dos que nada têm. Uma comédia negra irreverente que desmistifica a Índia lírica e nostálgica que tantas vezes idealizamos.
publicado por Armando S. Sousa às 16:16

Abril 27 2009

A revista literária norte-americana The New Yorker publica hoje online um longo artigo, intitulado "Doctor and Patient", sobre o escritor português António Lobo Antunes, cuja obra descreve como "obsessivamente local, preocupada com os males herdados da história portuguesa e as debilidades da sua cultura".
"Ele visa - escreve Peter Conrad, o autor do artigo -, tal como Stephen Dedalus (do "Ulisses", de James Joyce) chamando a si os inimigos da Irlanda, ser uma consciência nacional, lembrando aos seus recentemente europeizados, untuosamente prósperos compatriotas, o legado de culpa do seu vergonhoso passado deixado pela ditadura de António de Oliveira Salazar, que dirigiu o país entre 1932 e 1968, e pela brutalidade do seu regime colonial em África".
Em confronto com Lobo Antunes, o articulista coloca José Saramago, que, ao contrário daquele, situa quase sempre as suas narrativas "em países não identificados ou imaginários" e as faz "facilmente partir em direcção à universalidade".
Os dois escritores - refere - "tal como partidos políticos ou equipas desportivas rivais, têm adeptos barulhentos, e os que gritam por Lobo Antunes afirmam que ganhou o Nobel o homem errado. O próprio Lobo Antunes, aparentemente, concorda: quando o Times lhe telefonou a pedir um comentário sobre a vitória de Saramago, ele resmungou que o telefone estava avariado e, abruptamente, desligou-o".
Analisando os romances de Lobo Antunes, os dois primeiros dos quais publicados em 1979, Conrad destaca a forte presença neles da experiência do autor na guerra colonial e como psicanalista.
Na opinião do crítico, alguns dos primeiros livros de Lobo Antunes "parecem dilacerantemente confessionais para se lhes chamar ficção" - como em "Conhecimento do inferno" - mas os seguintes "vão para além desta auto-purgação".(Lusa).
publicado por Armando S. Sousa às 16:21

Abril 27 2009

(clicar na imagem para aumentar)
A edição deste fim-de-semana do Expresso, saída no dia que em se comemorou a passagem do trigésimo quinto aniversário da Revolução dos Cravos, noticia que a cadeia de hipermercados Auchan censurou a obra “A Casa dos Budas Ditosos”, de João Ubaldo Ribeiro, segundo os "anafalbetos" da agência de comunicação que representa a Auchan, por "não se vender nas suas insígnias Jumbo e Páo de Açucar produtos do foro pornográfico".
Uma cena lamentável, esperando-se que esta atitude ignóbil faça disparar as vendas, para que tudo não seja muito mau.
publicado por Armando S. Sousa às 12:43
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Abril 27 2009

Esta é a história de Estela e esta é a história de Havana antes da revolução. O romance póstumo de Guillermo Cabrera Infante chegou este fim-de-semana às livrarias.
O passado é um fantasma que não é preciso convocar com médiuns ou invocar com abra-essa-obra. É na realidade da recordação um revenant irreal. Não é preciso pôr as mãos em cima da mesa, de palmas para baixo, ou responder aos três toques rituais ou perguntar «Quem vem lá?». O espírito do passado está sempre a vir. Um copo de água e uma flor amarela chegam. Não é necessário repetir frases encantatórias ou cast a spell: todos os mortos estão aqui, vivos, exibidos por trás de uma janela de vidro preto, de uma câmara escura, de uma obra de artifício. Os entes passados estão vivos porque para nós não morreram. Estamos vivos porque eles não morrem. Nós somos os mortos vivos.
É no passado que vemos o tempo como se fosse o espaço. Tudo está longe, na distância em que o passado é uma imensa pradaria vertiginosa, como se caíssemos de uma grande altura e o tempo da queda, à distância, nos tornasse imóveis, como acontece com os acrobatas do ar, que vão caindo a uma enorme velocidade e contudo para eles nunca se cai. É deste modo que caímos na recordação. Nada parece ter-se movido, nada mudou porque estamos a cair a uma velocidade constante e só aqueles que nos vêem de fora – vós, leitores – dão conta de quanto descemos e a que velocidade O passado é essa terra imóvel da qual nos aproximamos com um movimento uniformemente acelerado, mas o trajecto – tempo no espaço – impede-nos de nos afastarmos para ter uma visão que não seja afectada pela queda – espaço no tempo – voluntária ou involuntária. O tempo, ainda que parado, provoca vertigens, que é uma sensação que só o espaço pode provocar.
O passado só se torna visível através de um presente fictício – e no entanto toda a ficção perecerá. Do passado só ficará então a memória pessoal, intransferível.
Não me interessa a impostura literária mas a verdade que se diz com palavras que necessariamente se seguem umas às outras embora exprimam ideias simultâneas. Sei que uma frase é sempre uma questão moral. Existe uma memória ética? Ou é estética, quer dizer, selectiva?
A memória é outro labirinto no qual se entra e do qual às vezes não se sai. Mas são fantásticos, inúmeros, os corredores da memória, fora da qual há um único tempo real, aquele que se recorda – isto é, eu próprio agora quando a máquina de escrever é a verdadeira máquina do tempo.
Escrever, aquilo que faço agora, não é senão uma das formas que a memória adopta. O que escrevo é o que recordo – o que recordo é o que escrevo.Entre estas duas acções estão as omissões – que são os interstícios, o que fica. Quer dizer, o meu buraco: o espaço do tempo recordado.É tão fácil recordar, tão difícil esquecer… Não é isso que a canção diz? Ou diz…? Não me lembro, esqueci-me. Recordar é gravar nesta ou naquela língua. Mas esquecer não tem equivalência…
O amor é um dédalo delicado que esconde o seu centro, um monstro obscuro.
Teseu, o teu nome é desejo. Ah, Ariadne, não te abandonei em Naxos mas no Trotcha. Agora descendo ao mundo inferior da recordação para te trazer de entre os mortos. Tive de passar a vau as águas do Letes, rio do esquecimento, labirinto lábil, para te encontrar outra vez. Caronte, que já não trabalha na ponte sobre o rio Almendares mas que limpava por uma peseta o vidro que o salitre do Malecón tinha toldado, deixou-me ver-te. Foi através de outro pára-brisas, desta vez de um táxi, que voltei a ver-te.
Pareceria que ela morreu – e é verdade. É a morte uma extensão infinita da noite? A morte faz da vida um couto privado. Parece estranho que tendo esta miniatura (no sentido de pequena pintura preciosa) ao lado, me entregue a uma reflexão sobre o bolero. Acontece que escrevo o ensaio agora. Na altura só ouvia a música.Ela morreu. Suicidou-se? Não, morreu da morte menos natural: morte natural. Seja como for, matou-a o tempo. Mas o certo, o terrível, o definitivo é que Estelita, Estela, Stella Morris está morta. Agora sou eu quem reconstrói a sua memória. Era uma pessoa, mas acabou por se tornar esse destino terrível, uma personagem. Convém dizer que ela era toda uma personagem.
Morreu, longe dos trópicos, de Cuba. Mas na verdade não era dos trópicos, ou de Havana, ou dessa Rampa onde a conheci – e dizer que a conheci é, evidentemente, um absurdo: nunca a conheci. Nem sequer a conheço agora. Mas escrevo sobre ela para que outros, que não a conheceram, a recordem. Quanto a mim, ela foi sempre inolvidável. Mas agora que está morta é mais fácil recordá-la. E pensar que não existe agora mais do que quando a imagino ou a recordo. É a mesma coisa. Poderia escrever mentiras, bem sei, mas a verdade é uma invenção suficiente.
Digo que não a conheci e devo dizer que a encontrei; na rua, uma tarde, quando era uma desorientada dos subúrbios no centro de Havana, perdida.Mas para mim foi um encontro. Há um bolero tocado por Peruchín que se chama “Añorado encuentro” (1) e foi isso que foi. É curioso como as canções ditam as recordações. Néstor Almendros disse-me, quando veio visitar-me e eu estava a ouvir no meu gira-discos “Down at the Levy” cantada por Al Jolson, que sempre que ouvisse essa canção se lembraria da sala do apartamento, do sol que batia nos móveis e da gente e do mar ao longe e eu sentado no sofá, em camisa, a ouvir o velho Al, Al morto, Al Down at the Levy, waiting, for the Robert E. Lee, que era um barco de pás a navegar Mississipi abaixo.
Voltei a percorrer La Rampa esta noite. Não foi um sonho, foi uma coisa mais recorrente: a recordação. Lembrei-me de quando vim à rua O (Zero, O, Oh) com Branly. La Rampa era jovem e eu também.Mas o cruzamento com O já bulia.
Para mim, Havana era então uma ilha encantada em que era simultaneamente explorador e guia. Durante algum tempo também julguei ser um Frank Buck do amor, que penetrava na selva para a trazer viva e vivermos os dois para o contar – ainda que fosse eu o único que podia erguer uma ponte entre o relaxe e o relato. Havana, que dúvida pode haver, era o centro do meu universo. Na realidade, era o meu universo: uma nébula clara. Recordá-la era uma viagem pela galáxia. No céu havia dois sóis.
Esta história não podia ter acontecido cinco anos antes. Nessa altura a rua 23 acabava em L, e La Rampa ainda não tinha sido construída. Ao fundo, paralelos ao Malecón, havia os carris do eléctrico e, às vezes, via-se vir um eléctrico cujas carreiras terminavam pouco antes do infinito. É claro que já lá estava o Hotel Nacional empoleirado num parapeito, mas onde hoje está o Hotel Hilton havia uma ribanceira com um fundo plano de argila que de vez em quando frequentei para jogar à bola. Desapareceu o campo de jogos onde não ganhei uma única batalha, para ser construído esse campo de Vénus, não de Marte, onde me portei melhor – aparentemente.(Público)

Ficha do livro
A Ninfa Inconstante
Autor: Guillermo Cabrera Infante
Tradutor: Salvato Telles de Menezes
Editor: Quetzal
238 págs., 17 euros
publicado por Armando S. Sousa às 12:31
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Abril 27 2009
O poeta angolano Tomaz Jorge morreu aos 81 anos em Lisboa, onde residia há vários anos, vítima de doença prolongada, disse hoje à Agência Lusa fonte da família.
Nascido em Luanda, em 1928, integrou em 1950 o movimento literário nacionalista "Vamos Descobrir Angola", ao lado de outros intelectuais como Agostinho Neto, António Jacinto e Viriato da Cruz, motivo que o levou á cadeia várias vezes.
Era membro fundador da União de Escritores Angolanos - UEA e publicou o seu primeiro livro de poesia em 1963 "Canção da Esperança", estreia literária, que arrematou em 1995 com uma antologia da sua obra completa, "Talamungongo - 50 Anos de Poesia", a sua herança poética.
Era filho do poeta português Tomaz Vieira da Cruz, que viveu a maior parte da sua vida em Angola e foi autor de várias obras em que se destacam "Quissange, Saudade Negra" (1932) e "Cazumbi (1950). Dividindo a sua vida nos últimos tempos entre Angola e Portugal, por razões familiares, Tomaz Jorge foi sempre um defensor da cultura e do nacionalismo angolano.
publicado por Armando S. Sousa às 12:28

Abril 23 2009

O escritor brasileiro Paulo Coelho aliou-se à marca espanhola Mango para criar uma colecção de t-shirt’s ilustradas com frases dos seus livros que serão vendidas a partir deste mês em 68 países a fim de recolher dinheiro para o Instituto Paulo Coelho (IPC), uma instituição sem fins lucrativos, que auxilia crianças de uma favela na zona sul do Rio de Janeiro.
O financiamento do IPC provém exclusivamente dos direitos de autor do escritor, e tem como objectivo “fazer alguma coisa pela humanidade", como explicou o autor na apresentação da roupa que leva as frases da sua autoria. "Eu sabia que era impossível mudar o meu país, Brasil. Era impossível mudar o meu Estado, era impossível mudar o meu bairro, mas poderia mudar a minha rua, no fim da qual há uma favela", disse o escritor.
Assim, Paulo Coelho começou a ajudar 80 crianças e adolescentes e agora beneficia cerca de 450, dando "comida, educação e a possibilidade de exercer actividades artísticas", explicou Paulo Coelho, cujas obras estão traduzidas em 66 línguas. O "ideal", para ele, seria dar protecção a 800 crianças, objectivo para o qual Paulo Coelho iniciou este projecto de colaboração com a marca espanhola.
Para isso, a Mango colocará 40 mil t-shirt’s à venda em 450 lojas de 68 países, ao preço de 15 Euros, com seis frases diferentes do autor, tais como "Nunca abandone os seus sonhos; siga os sinais", "O amor dá-nos a força para realizarmos tarefas impossíveis" e "O caminho para a sabedoria é não ter medo de cometer erros". As mensagens foram escolhidas de comum acordo entre a direcção de marketing da marca espanhola e o autor a fim de conseguir "impacto com poucas palavras".
A Mango explicou que 50% a 60% do valor arrecadado com a venda das t-shirt’s irão para o Instituto Paulo Coelho.
publicado por Armando S. Sousa às 11:10

Abril 23 2009

O Dia Mundial do Livro foi celebrado pela primeira vez a 7 de Outubro de 1926, como comemoração do nascimento do escritor espanhol Miguel Cervantes. Foi o escritor e editor Vincent Clavel Andrés que propôs este dia, primeiro, à Câmara Oficial do Livro de Barcelona e, depois, ao Governo espanhol, criando a Festa do Livro Espanhol.
No ano de 1930, a data comemorativa foi transladada para 23 de Abril, dia do falecimento de Cervantes. Mais tarde, em 1995, a UNESCO instituiu 23 de Abril como o Dia Mundial do Livro. Além de Cervantes, é também neste dia que se assinala o nascimento e falecimento de William Shakespeare e o nascimento de Vladimir Nabokov, entre outros escritores.
publicado por Armando S. Sousa às 10:22

Abril 23 2009

Com ilustração de Pierre Pratt, ilustrador e autor de livros infantis, este cartaz foi elaborada para o Dia Mundial do Livro pela Direcção Geral do Livros e das Bibliotecas (DGLB).
publicado por Armando S. Sousa às 09:35

Abril 23 2009

Vladimir Vladimirovich Nabokov nasceu em São Petersburgo, Rússia, a 23 de Abril de 1899, oriundo de uma família abastada e aristocrática. Aos 16 anos, herdou uma grande fortuna do seu tio, mas teve pouco tempo para gozá-la. Durante a revolução russa o seu pai foi preso e a família emigrou para Berlim, onde o seu pai viria a ser assassinado em 1922. Formou-se nesse mesmo ano no Trinity College, Cambridge, após o que se instalou em Berlim. Trabalhou como tradutor, tutor e treinador de ténis. Compôs ali os seus primeiros escritos em russo, embora posteriormente os tenha traduzido para inglês. Muitos dos seus leitores eram emigrantes russos. Os seus livros foram banidos da União Soviética. Os temas de Nabokov tornaram-se puzzles ambíguos, desafiando o leitor a envolver-se no jogo.
Enquanto escritor, Nabokov alcançou o primeiro sucesso literário com as traduções de algumas canções de Heine. O seu primeiro romance Mashenka foi escrito em 1926. Em 1924, Nabokov casou com a judia Véra Evseevna Slonim. Os primeiros romances foram escritos com o pseudónimo Valdimir Sirin. Entre estes encontram-se The Gift/O Dom (1937-38), um romance sobre o século XIX russo, Invitation to a Beheadind (1938), uma fantasia política.
Nabokov mudou-se para Paris aquando da libertação do assassino de seu pai, onde conheceu James Joyce. Em 1940 foi para os Estados Unidos, tornando-se cidadão americano em 1945. Leccionou no Wellesley College e Cornell University, prosseguindo ao mesmo tempo, as suas extensas pesquisas em entomologia. Durante alguns anos exerceu funções no Museum of Comparative Zoology na Universidade de Harvard, que mais tarde veio a caracterizar como os anos mais encantadores e emocionantes da sua vida adulta.
A primeira publicação em inglês de Nabokov intitulava-se de A Few Notes on Crimean Lapidoptera.
Os seus primeiros romances em inglês foram The Real Life of Sebastian Knight (1945) e Blend Sinister (1947). Em 1950, Nabokov publicou Conclusive Evidence (1951), uma autobiografia, mais tarde recuperada em Speak, Memory (1966).
O seu livro mais conhecido é Lolita (1955), a história da paixão de Humbert Humbert, um professor de poesia de meia-idade, por uma precoce rapariga de 12 anos. O livro permitiu-lhe abandonar o ensino e dedicar-se inteiramente à escrita.
Representante ilustre da tradição literária russa, que transpôs brilhantemente para o inglês, reflectiu nas suas obras, com humor e ironia, a realidade da sociedade contemporânea ocidental.
Em 1959, mudou-se para a Suíça, instalando-se permanentemente no Hotel Montreux Palace. As suas últimas obras incluem Ada (1969), Transparent Things (1972) e Look at the Harlequins! (1975). Entre os seus outros livros, notáveis pelos jogos de palavras e pelos enredos engenhosos, incluem-se Defesa Loujine (1929), Laughter in the Dark (1938), The Enchanter/O Encantador (1939), Pnin (1957).
Vladimir Nabokov morreu em Lausanne, Suíça, a 2 de Julho de 1977.
publicado por Armando S. Sousa às 09:30
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