A Fábrica

Junho 30 2005

Migrant Mother, 1936, Dorothea Lange

Dorothea Margaretta Nutzhorn, nasceu em 26 de Maio de 1895, na cidade de Hoboken, New Jersey, nos EUA, foi vítima da paralisia infantil, o que a deixou com uma deficiência numa perna para o resto da vida. Mais de uma vez, Dorothea Lange afirmou que isto a deixou mais sensível em relação ao sofrimento alheio, aspecto fundamental no seu trabalho. Encorajada pelo fotógrafo Arnold Genthe, que lhe deu a primeira máquina fotográfica, Dorothea começou como autodidacta e mais tarde estudou fotografia na Columbia University. Profissionalmente, começou como freelancer, montando o seu próprio estúdio em 1919, em Berkeley, na Califórnia. Depois de mais de uma década fazendo retratos de estúdio, Dorothea Lange entra ao serviço da Farm Security Administration, (FSA), onde juntamente com seu futuro marido, Paul Taylor, percorreu durante os anos Trinta, vinte e dois estados do Sul e Oeste dos Estados Unidos, recolhendo imagens que documentam o impacto da Grande Depressão na vida dos camponeses. Lange é a autora da fotografiado post, conhecida como a "Mãe Migrante".
Trata-se da mais famosa fotografia saída da FSA e de uma das mais reproduzidas da história da fotografia. A fotografia retrata uma mulher e os seus filhos. A mãe, com um bebé adormecido ao colo, contempla o vazio; as crianças, com o cabelo desgrenhado e as roupas sujas, escondem o rosto por detrás dos seus ombros. A família vivia num acampamento de colhedores de ervilhas no Vale do Nipomo, na Califórnia, alimentando-se dos pássaros que caçavam e dos vegetais que colhiam nos campos. A mulher tinha acabado de vender os pneus do seu carro para comprar comida.
Até hoje as suas fotografias são consideradas um fiel retrato dos EUA durante o período da Grande Depressão. O seu trabalho rendeu-lhe uma bolsa Guggenheim em 1941, mas a Segunda Guerra Mundial trouxe uma ruptura e um redireccionamento na sua carreira. Trabalhando para a War Relocation Agency e para o Office of War Information, entre 1942 e 1945 passou a documentar a comunidade japonesa forçada a viver em campos de concentração na Califórnia. Uma fase não menos importante de sua obra, mas convenientemente esquecida pelos seus compatriotas. Problemas de saúde mantiveram Dorothea afastada das câmaras a seguir à guerra, e só voltou à actividade no meio dos anos cinquenta, quando entrou para a equipa da prestigiada revista Life. Até sua morte em 11 de Outubro de 1965, viajou pelo mundo na companhia do marido, fotografando principalmente a América do Sul, a Ásia e o Oriente Médio.
publicado por Armando S. Sousa às 11:13

Junho 28 2005

Rue Moufetarde, Paris, 1954

Henri Cartier-Bresson nasceu a 22 de Agosto de 1908, em Chanteloup, França, no seio de uma família abastada da indústria têxtil. Contrariando a pressão dos pais que ansiavam por ver o filho à frente dos negócios da família, Bresson optou por seguir o rumo do seu espírito aventureiro e artístico. Durante a juventude frequentou aulas particulares de pintura com o mestre cubista Andre Lhote. Esta experiência foi essencial para desenvolver em Bresson os conceitos visuais que serviram mais tarde de referência para a sua carreira como fotógrafo.
Cartier-Bresson foi crescendo no seio de uma elite cultural que o expôs às correntes intelectuais do seu tempo. Através dos seus mestres conheceu artistas, escritores, poetas e pintores como Salvador Dali, Jean Cocteau e Max Ernest.Estudou pintura e filosofia na Universidade de Cambridge, onde sofreu a influencia da Escola Surrealista. Sentiu-se desde sempre marcado não só pela pintura Surrealista, mas também pelos conceitos de André Breton que admirava pelo modo de «expressão espontâneo, pela intuição e, sobretudo, pela atitude de revolta».
Influenciado por estas correntes culturais que surgiram após a I Guerra Mundial, Bresson «aprendeu» a desdenhar o espírito pequeno -burguês e os preconceitos tradicionais de moral. Henri Cartier-Bresson começa a sua carreira como fotógrafo em 1931, aos vinte e dois anos, após ter participado numa expedição etnográfica ao México, onde começa a trabalhar como fotógrafo independente. Em 1932 faz a sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy. Em 1935 familiarizou-se com a fotografia cinematográfica, trabalhando como assistente de câmara, tendo realizado filmes documentários em Espanha.
Quando a II Guerra Mundial começou, Cartier-Bresson alistou-se no exército. Contudo, pouco tempo depois, foi capturado pelos alemães. Durante os dois anos e meio que esteve preso, tentou fugir três vezes mas só há terceira alcançou a liberdade e regressou a França. De regresso a Paris colaborou com a Resistência Francesa até ao fim da Guerra, só voltando à fotografia em 1945, altura em que produz muitos livros ilustrados com as suas fotografias, contando entre eles “O momento decisivo”, “China em mudança” e “ O mundo de Cartier-Bresson”.
Em 1946 partiu para os EUA e percorreu a América do Norte enquanto exibia as suas obras no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque. Mas a pouco e pouco a América tornou-se pequena e Bresson voltou a vagabundar pela Ásia. Índia, Birmânia, China e Indonésia foram algumas das paragens que, ao longo de duas décadas, couberam na sua máquina. Este fotógrafo trabalhou para quase todos os grandes jornais e revistas internacionais. Juntamente com Robert Capa, David “Chim” Seymour e George Rodger, fundou a famosa agência “Magnum”. Em 1970, casa-se com a fotógrafa Martine Franck.
Em 1973 o fotojornalista pôs de lado a Leica e abraçou o gosto pela pintura que tantos anos tinha ficado adormecido. Morreu em Paris, aos 95 anos no dia 3 de Agosto de 2004.
publicado por Armando S. Sousa às 15:36

Junho 23 2005

O Barão de Coubertin, de seu nome Pierre Frédy nasceu em Paris em 1 de Janeiro de 1863. Pierre de Coubertin, cujo o pai era artista e a mãe musica, foi criado e educado num meio aristocrata. Esteve sempre muito ligado às grandes questões de educação. Para ele a educação era a chave do futuro da sociedade. Aos 24 anos Coubertin decidiu o rumo da sua vida: recuperar o nobre espirito francês de educação, reformando-o. Pierre de Coubertin era um desportista muito activo, praticava boxe, esgrima, hipismo e remo. Ele acreditava que o desporto era a ponte para a força moral e defendia arduamente a sua ideia. E foram estas as razões que o levaram, aos 31 anos de idade, a querer reviver os Jogos Olímpicos. Anunciou a sua ideia durante o encontro do sindicato francês das sociedades de desporto atlético, do qual ele era secretário geral. No entanto, ninguém aclamou ou sequer acreditou na sua ideia, que foi recebida com muito pouco entusiasmo.Em 23 de Junho de 1894, o barão Pierre de Coubertin, promoveu um congresso em Paris, na Universidade de Sorbonne, do qual resultou a fundação do Comité Olímpico Internacional (COI) e a revitalização dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, cuja primeira edição teve lugar em Atenas, em 1896, com a participação de 14 países, representados por 245 atletas em 13 modalidades. No Congresso de Paris o grego Demetrius Vikelas tornou-se o primeiro presidente do COI. Dois anos depois, Pierre de Coubertin torna-se presidente do Comité Olímpico Internacional, cargo que manteve até1925. Devido à primeira guerra mundial, Coubertin pediu que a sede do COI passasse a ser sediada em Lausanne, Suíça, pois este era um país neutro. Em 1922, o quartel olímpico mudou-se Lausanne, onde permanece até hoje.Pierre Coubertin retirou-se do COI e do movimento olímpico em 1925 para se dedicar ao seu trabalho pedagógico. Aos 69 anos de idade, em 1931, Coubertin publicou as suas memórias olímpicas, no qual ele enfatiza a natureza intelectual e filosófica empreendida, assim como a sua vontade de fazer do COI mais do que uma simples associação desportiva. Pierrre Coubertin morre repentinamente de ataque cardíaco, a 2 de setembro de 1937, num parque em Genebra.
publicado por Armando S. Sousa às 16:36
Tags:

Junho 21 2005

Jean Paul Sartre nasceu em Paris a 21 de Junho de 1905 . Seu pai, oficial da marinha, morre quando Sartre tem um ano de idade. A mãe, Anne-Marie, leva Sartre a viver com o avô materno, nos arredores de Paris. Desde criança que Jean-Paul escreve contos de aventuras cavalheirescas e de heroísmo e se auto-denomina génio. Quando ele tem doze anos, a mãe casa com Joseph Mancy, um homem rico, burguês e autoritário. Sartre possui uma mente excepcional, embora isso não se revele nos resultados escolares. Com 15 anos volta a viver com o avô e torna-se aluno interno do Liceu Henrique IV. Em 1924 entra na École Normale Supérieur. Aqui estudavam os melhores cérebros da época, nomeadamente Simone de Beauvoir que se tornaria sua companheira para a vida. Em 1931 é nomeado professor de filosofia no Havre. Em 1934, o filósofo escreve a “A Náusea” um romance filosófico que transformou Sartre numa das mais promissoras figuras literárias. Em 1939 é chamado a servir numa estação meteorológica, era o início da II Guerra Mundial. Em 1940, após a invasão da França por Hitler, Jean Paul Sartre é feito prisioneiro e encerrado no campo de concentração de Trier, na Alemanha ocidental. Continua o seu diário de guerra, mas, graças a um atestado médico falso, é libertado em Março de 1941. Em 1943, edita O Ser e o Nada, um “hino à consciência e à liberdade” que o coloca no topo da pirâmide existencialista. Entretanto, com Simone Beauvoir, funda a revista Temps Modernes. Adere ao marxismo em 1952. Em 1964, escreve “As Palavras”, uma análise da sua própria infância e é-lhe atribuído o Prémio Nobel da Literatura, que recusa porque “o escritor deve recusar a deixar-se transformar por instituições”.A década de 70 é marcada pelos problemas de saúde, após anos de excessos de álcool e tabaco e por uma ou outra intervenção pública, como a visita a Portugal no “Verão Quente de 75” apesar do seu prestígio estar em queda. Quase cego, vive os derradeiros anos incapaz de escrever. Morreu a 15 de Abril de 1980, aos 74 anos, vítima de um edema pulmonar. O seu funeral transformou-se numa manifestação pública, com um cortejo de mais de 25 mil seguidores.
Mais informação em: geocities.com/sartresite.
publicado por Armando S. Sousa às 19:23

Junho 17 2005

Quem disser o seu nome junto de um militar corre o risco de ser imediatamente preso, sem sequer passar pelo tribunal. A Dama de bambu, a líder do principal partido de oposiçao na Birmânia, a Liga Nacional para a Democracia, é uma espinha atravessada na garganta dos generais que comandam o país. A "senhora", o "monstro" ou o "fenómeno" -nomes de código utilizados pelo povo_ está em prisão domiciliária desde de Maio de 2003. O número 54 da University Road, em Rangun, é a casa mais vigiada do país, quem tentar fotografar a sua vivenda é preso. Com a aproximação do sexagésimo aniversário de Aung San Suu Kyi no próximo Domingo, a junta militar birmanesa no poder, aumentou nos últimos dias o controle e detenção de opositores políticos e militantes dos direitos humanos.
Aung San Suu Kyi nasceu em Rangun a 19 de Junho de 1945. O pai de Suu Kyi, o general Aung San, foi o pai-fundador do país. Nascido na aristocracia rural, tornar-se-ia líder estudantil e nacionalista convicto. Sonhava expulsar os Britânicos da sua terra colonizada no século XIX e, para tal, viria a comandar o Exército de Independência da Birmânia, treinado secretamente pelos Japoneses. Entraria na Birmânia à sua frente em princípio de 1942, para vir a mudar de lado em 1945, ajudando os Britânicos a pôr fim à ocupação japonesa. Mas esse serviço ao povo birmanês foi ceifado cedo: um rival político mandou abatê-lo em 1947, apenas 6 meses antes de a Birmânia declarar a independência. Tinha 32 anos. Suu Kyi tinha 2.
Suu Kyi estudou na Índia e na Universidade de Oxford (Reino Unido) a partir de 1960, tendo posteriormente trabalhado nas Nações Unidas e passado a viver no Reino Unido. Quando regressou do Reino Unido, em 1988, fundou o movimento de oposição Liga Nacional para a Democracia, como protesto contra as violações dos direitos humanos e contra a brutal repressão da discordância na Birmânia e para lutar por reformas democráticas. Em Abril de 1989, escapou por pouco a uma tentativa de assassinato por parte de uma unidade militar birmanesa. Os militares tinham recebido ordens para matar a activista numa das muitas manifestações que encabeçava. Foi salva por uma contra-ordem de um oficial.
Em Julho de 1989, o regime militar determinou a prisão domiciliária da activista pro-democracia. Suu Kyi foi colocada sob a lei marcial, que possibilitava a sua detenção sem acusação formada nem julgamento por um período de três anos. A activista birmanesa entrou em greve de fome para proteger os estudantes que haviam sido levados da sua casa para o Centro de Interrogação do regime. Foi reconhecida como objectora de consciência pela Amnistia Internacional.
Apesar da detenção da sua presidente, em Maio de 1990 a Liga Nacional para a Democracia obteve um resultado extraordinário nas eleições gerais, tendo conseguido 82% dos votos. No entanto, a Junta Militar recusou-se a reconhecer os resultados das eleições. Em Outubro do mesmo ano, Suu Kyi foi galardoada com o Prémio Rafto para os Direitos Humanos e, em Julho de 1991, com o Prémio Sakharov (prémio para os Direitos Humanos do Parlamento Europeu). Em Agosto de 1991, o regime militar decidiu alterar a lei sob a qual Suu Kyi estava detida e aumentar para cinco anos o período de prisão sem acusação formada nem julgamento. Dois meses depois, a actividade pró-democracia da activista foi reconhecida com o Prémio Nobel da Paz, prémio esse que foi utilizado num fundo de saúde e educação para o povo birmanês criado por Suu Kyi.
Em Janeiro de 1994, a Junta Militar voltou a alterar a lei marcial, adicionando-lhe mais uma ano de detenção. Suu Kyi foi posta em liberdade em Julho de 1995. Nunca deixando de parte os seus ideais, Suu Kyi prosseguiu na sua luta. Em Março de 2000, recebeu a condecoração irlandesa Freedom of the City, atrbuída pelo reconhecimento do seu activismo. Foi o seu filho, Kim Aris, que se deslocou a Dublin para receber o prémio. Em Setembro de 2000, Suu Kyi desafiou as autoridades militares birmanesas e anunciou que iria sair da capital do país. Em resposta, os militares montaram um verdadeiro cerco em volta dela e voltaram a colocá-la em prisão domiciliária, juntamente com outros líderes do partido. Em Dezembro de 2000, o reconhecimento pelo seu activismo chegou dos EUA. O então presidente Bill Clinton conferiu-lhe a maior condecoração civil do país - a Medalha Presidencial da Liberdade. Durante a prisão domiciliária, Suu Kyi recebeu a visita de uma delegação da União Europeia, de diplomatas norte-americanos e de representantes das Nações Unidas. Em Maio de 2002, depois de 19 meses em prisão domiciliária, Aung San Suu Kyi foi libertada. Desde Outubro de 2000 que Suu Kyi mantinha conversações secretas com uma delegação da Junta Militar.
Suu Kyi continuou a defender a plena democracia e o desmantelamento do poder militar. No entanto os militares têm alegado que o país não se encontra preparado para a democracia. Suu Kyi conta com o apoio do Ocidente e da maioria das nações asiáticas. Foi novamente presa em fim de Maio de 2003 e ainda se encontra em prisão domiciliária. Tem recusado o fim da prisão domiciliária enquanto não forem libertados todos e cada um dos seus apoiantes. Aung San Suu Kyi transformou-se num símbolo da luta a favor da democracia na Birmânia, (Myanmar).

publicado por Armando S. Sousa às 09:48

Junho 15 2005

Almada Negreiros, Auto-retrato
José Sobral de Almada Negreiros (1893-1970) nasceu em São Tomé e Príncipe.Em 1905 já redigia e ilustrava jornais manuscritos (“A República” e “O Mundo”). A sua actividade artística inicia-se, para o público, com a participação na I Exposição do Grupo de Humoristas Portugueses, em 1911. Com esta exposição nasce a chamada Arte Moderna Portuguesa; e, coincidindo com a primeira aparição colectiva dos cubistas, em Paris, traz, como também lá acontecera, o selo do humorismo para génese das novas correntes artísticas. Publica seu primeiro desenho em “A Sátira” e faz sua primeira exposição individual de 90 desenhos, em 1913. Escreve, em 1915, o “Manifesto Anti-Dantas e por extenso”, uma reacção contra uma geração tradicionalista, uma sociedade burguesa, um país limitado; e, é publicado o primeiro número da revista “Orpheu”.
No ano de 1925 pinta dois painéis para “A Brasileira”, um café do Chiado, em Lisboa. De 1927 a 1932 mora em Madrid. Em 1938, conclui os vitrais da Igreja de Nossa Sra. de Fátima. Pinta o famoso retrato de Fernando Pessoa (“Lendo Orpheu”), para o restaurante “Irmãos Unidos”, em 1954.
Em 1951, o SNI lhe confere o “Prémio Nacional das Artes”. Em 1966 é eleito membro honorário da Academia Nacional de Belas Artes. No ano seguinte recebe o Grande Oficialato da Ordem de Santiago Espada.
Estreitamente enlaçada na sua actividade de artista plástico, tem Almada Negreiros uma obra de poeta, dramaturgo, romancista, investigador e mitógrafo, das mais originais da nosa literatura e das mais significativas e perturbantes da cultura comtemporânea. A camaradagem com Fernando Pessoa viria a ser extremamente fecunda para o surgimento do futurismo em Portugal e para os destinos do modernismo português.Juntos participaram da aventura do Orpheu (1915), juntos permanecem no Portugal Futurista (1917), juntos se reencontram ainda, à beira da morte de Pessoa, no terceiro e último número da revista Sudoeste (1935), fundada e dirigida por Almada Negreiros e cujos dois primeiros números tinham contido exclusivamente trabalhos da sua autoria. Deixou contos espalhados por revistas de vanguarda de curta duração: O Moinho (1912 – teatro)Manifesto Anti-Dantas e por extenso (1915)A Engomadeira (1917 – novela)A Cena do Ódio (poema publicado na revista Portugal Futurista em 1917)A Invenção do Dia Claro (1921)Os Outros (1923 – teatro),S. O. S. (1929 – teatro)Nome de Guerra (romance, 1938)Antes de Começar (teatro)Deseja-se Mulher (1959 – teatro), Poesia.
Em 15 de Junho de 1970, o pintor e escritor morre em Lisboa, no mesmo quarto em que morrera o poeta Fernando Pessoa.
Se quiser saber mais pode visitar,vidaslusofonas.pt/almada_negreiros.
publicado por Armando S. Sousa às 13:44

Junho 15 2005

9,77 segundos é o tempo que o homem mais rápido do mundo demora a fazer 100 metros.
Para termos bem a noção da velocidade, este tempo significa que a velocidade de ponta do ser humano passou a ser de 36,85 km/h.
O Jamaicano Asafa Powell correu 100 metros em 9,77s no Super Grande Prémio de Atenas em atletismo retirando um centésimo ao anterior recorde que estava na posse do americano Tim Montgomery.
publicado por Armando S. Sousa às 13:24

Junho 08 2005

"Maravilhado, o pequeno homem percorre rapidamente a praia. Dirige-se sem hesitação para o mar que vê pela primeira vez. De repente pára estupefacto: uma primeira vaga acaba de rebentar a seus pés com um barulho suave. Os seus olhos fixam a distância à procura do que se esconderá no horizonte. A primeira vaga do mar parou a corrida da criança mas transportou-a para longe. O meio onde viveu os seus primeiros meses de vida está diante dele, imenso, simultaneamente carinhoso e ameaçador. Digo a mim próprio que já tinha experimentado esta revelação do infinito e que sem ter conhecimento motiva a minha vida. Lancei-me sem olhar para trás numa vida consagrada a desposar o mar. Os meus companheiros, que partilharam as aventuras tumultuosas dos primeiros mergulhos com escafandro autónomo, as missões do Calypso e os combates para a protecção do mar e da água em geral do nosso frágil planeta, experimentaram o mesmo entusiasmo e dúvidas. Juntos aprendemos que a realidade dos oceanos, do universo e da vida era uma fonte de inesgotáveis maravilhas. Constatámos que os animais marinhos estão sujeitos às mesmas leis que as criaturas que povoam as selvas terrestres, o que vem confirmar a unidade da vida. Para compreendermos os laços que nos ligam a todos os seres vivos e de modo a melhor apreciar o milagre da vida, deixemo-nos tocar pela primeira vaga do mar." (Jacques-Yves Costeau).
.
O Comandante Jacques-Yves Cousteau nasceu a 11 de Junho de 1910, em St. André de Cubzac (Gironde), França. Em 1930, entra para a Escola Naval onde chega a Oficial. Entre 1933 e 1935, é destacado para o extremo Oriente, a bordo dos cruzadores “Primauguet” e “Shangha”. Enquanto seguia a formação para piloto sofre um grave acidente de viação que lhe põe fim à carreira de aviador. Em 1936, em Mourillon, perto de Toulon, experimenta pela primeira vez uma “máscara” submarina: foi a revelação. Com o Eng.º. Emile Gagnan, conclui o escafandro autónomo em 1943, e o mundo submarino revela-se à humanidade.
Após a guerra, o Comandante juntamente com Frédéric Dumas, criou o Grupo de Pesquisa Submarina afim de efectuar experiências de mergulho e trabalho em laboratório. Em 1950 recupera o Calypso, um antigo draga-minas. Modificado aos poucos e dotado de instrumentos de mergulho e pesquisa científica, o Calypso transforma-se em navio oceanográfico e a aventura começa. Durante quatro décadas as equipas de Cousteau exploraram os mares e os grandes rios do mundo inteiro.
Com o Eng.º. Jean Mollard, constrói o SP-350 colocado ao serviço em 1959. Este primeiro “disco voador” mergulhador de dois lugares pode ser usado até 350 mts de profundidade. Em 1965, dois discos mergulhadores são construídos simultaneamente para descer a 500 metros de profundidade tendo sido baptizados como “Pulgas-do-mar”. Cousteau dirige duas experiências de habitação no fundo do mar: “Précontinent 1”, ao largo de Marselha, “Précontinent II”, na região de Nice.
Em conjunto com o Prof. Lucien Malavard e o Eng.º. Bertrand Charrier, Jacques Cousteau, conclui o estudo de um novo sistema complementar de propulsão eólica, chamado Turbovoile e lançam em 1983 um catamaran equipado com este sistema, o “Moulin à Vent”.O sistema é aperfeiçoado no navio experimental Alcyone, que é utilizado hoje em dia em filmes e explorações. O Calypso II, navio ecológico que irá manter o espírito do seu homónimo, foi também equipado com Turbovoile.Após 1944, o Comandante Cousteau realiza mais de 70 filmes para televisão.Realiza também 3 longas-metragens: “O Mundo do Silêncio” (Palma de Ouro no Festival de Cannes), “O Mundo sem Sol” (Óscar e Grande Prémio do Cinema Francês para a Juventude) e “Viagem ao Fim do Mundo”.Jacques Cousteau colaborou com vários autores para escrever mais de 50 livros, editados em uma dúzia de línguas. Sendo os mais recentes: “As Baleias” (1988), “Madagáscar, Ilha dos Espíritos” (1995), “O Mundo dos Golfinhos” (1995), e “Namíbia” (1996).
Cavaleiro da Legião de Honra pelos serviços prestados na resistência francesa, o Comandante Cousteau é promovido a Oficial Comandante pelos seus feitos científicos. Um dos raros membros estrangeiros da Academia de Ciências dos Estados Unidos, o Comandante foi ainda, durante 3 décadas, director do Museu Oceanográfico do Mónaco.
Em 1977, as Nações Unidas concederam-lhe o Prémio Internacional para o Ambiente, juntamente com Sir Peter Scott. Recebeu do Presidente dos Estados Unidos a Medalha da Liberdade em 1985.
Em 1987, o Comandante recebe o Prémio do Conselho Internacional da Academia Nacional das Artes e Ciências de Televisão, em Nova York. Em 1988 faz parte da tabela de honra dos indivíduos que foram distinguidos pela protecção do ambiente e recebe o Prémio da National Geographic.
Em 1989, é eleito para a Academia Francesa. O Instituto Catalão de Estudos Mediterrâneos, em Barcelona, distingue-o com o Prémio Catalão Internacional em 1991 e em 1996 aceita a homenagem do Smithsonian Institution e a Medalha do Bicentenário James Smithson.O presidente Francês François Mitterrand nomeia-o, em 1991, para presidente do “Conselho para os direitos das gerações futuras”. Em 1993, dois anos mais tarde, endereça a sua demissão ao presidente, em protesto contra os testes nucleares no Oceano Pacífico.
Em 1992, o Comandante Cousteau é convidado oficial na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro. No ano seguinte é nomeado para o Comité Consultivo das Nações Unidas e aceita o papel de conselheiro para o desenvolvimento do Banco Mundial.Fundou a Sociedade Cousteau em 1974 e a Equipa Cousteau em 1981, continuando sempre os seus projectos para protecção e melhoria da qualidade de vida das gerações presentes e futuras.O Comandante Jacques-Ives Cousteau faleceu aos 87 anos no dia 25 de Junho de 1997. (Adaptado da Página Oficial da Cousteau Society).
publicado por Armando S. Sousa às 11:02
Tags:

Junho 07 2005

Grande Chefe Sealth (Seattle) 1786-1866

“Talvez Sejamos Irmãos” – Carta resposta do Chefe Índio Sealth à proposta de aquisição das terra onde vivia a sua tribo do Presidente dos Estados Unidos da América, Franklin Pierce em 1854.

Os Índios Duwamish habitavam na zona norte do actual estado de Washington, cuja capital Seattle tem o nome do Chefe Índio que proferiu o discurso, conhecido como a Carta do Chefe Índio, que é considerada como um dos mais belos manifestos ecológicos.
Após a cedência das terras os índios Duwamish migraram para a reserva Port Madison onde está sepultado o Chefe Seattle.
Abaixo, carta do índio Seattle, Grande Chefe da tribo Duwamish:

“O Grande Chefe de Washington comunicou-nos o seu desejo de comprar as nossas terras. O Grande Chefe assegurou-nos também da sua amizade e de quanto nos preza. Isso é muito generoso da sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade.
Porém, vamos considerar a sua oferta, pois sabemos que se o não fizermos, o homem branco virá com armas e tomará as nossas terras. Mas, como pode comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal ideia é estranha para nós. Se não somos os proprietários da pureza do ar ou do resplendor da água, como podes comprá-los a nós?
Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada clareira e cada zumbido de insecto são sagrados nas tradições e na memória do meu povo. A seiva que corre nas árvores transporta consigo as recordações do homem de pele vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem a beleza desta terra, pois ela é a mãe do homem de pele vermelha. Somos parte destas terras como elas fazem parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs; o veado, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, as seivas das pradarias, o calor que emana do corpo de um pónei e o próprio homem, todos pertencem à mesma família. Assim, quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente e que será para nós como um pai e que nós seremos seus filhos. Vamos considerar a sua oferta de comprar a nossa terra, embora isso não seja fácil, pois esta terra é sagrada para nós. A água cintilante dos rios e dos regatos não é apenas água, é o sangue dos nossos antepassados. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e deverás ensiná-lo aos teus filhos e fazer-lhes saber que cada reflexo na água límpida dos lagos fala do passado e das recordações do meu povo. O murmúrio das águas é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, matam-nos a sede, transportam-nos nas canoas e alimentam os nossos filhos. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar e ensinar aos teus filhos que os rios são nossos e vossos irmãos, e terás de dispensar-lhes a bondade que darias a um irmão.
Nós sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um pedaço de terra vale o mesmo que outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mais sua inimiga, e depois de a conquistar prossegue o seu caminho. Deixa para trás as sepulturas dos seus antepassados e isso não o importa. Apodera-se das terras dos seus filhos e isso não o inquieta. Ele considera a terra, sua mãe, e o céu, seu irmão, como objectos que podem ser comprados, saqueados ou vendidos como ovelhas ou miçangas cintilantes. Na sua voracidade arruinará a terra e deixará atrás de si apenas um deserto.
Não sei. Nossos caminhos diferem dos vossos. As vossas cidades ferem os olhos do homem de pele vermelha. Não há lugares calmos nas cidades do homem branco. Não há sítios onde se possa ouvir as folhas a desabrochar na primavera ou o zunir das asas dos insectos. O barulho que tudo domina ofende os ouvidos do homem de pele vermelha. Para que serve a vida se um homem não pode escutar o grito solitário do noitibó ou a lengalenga nocturna das rãs à volta de um pântano ? Sou um homem de pele vermelha e não compreendo, talvez porque os homens de pele vermelha são selvagens e ignorantes. O índio prefere o suave sussurro do vento roçando a superfície de uma lagoa e o perfume do ar lavado pela chuva do meio-dia ou carregado do aroma dos pinheiros.
O ar é precioso para o homem de pele vermelha, porque todas as criaturas partilham a mesma aragem: os animais, as árvores, o homem todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece indiferente ao ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas se vendermos as nossas terras, deverás recordar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte o seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu o primeiro sopro de vida ao nosso antepassado recebe também o nosso último suspiro. Se vendermos as nossas terras, deverás conservá-la como um lugar reservado e sagrado, onde o próprio homem branco possa saborear o vento perfumado pelas flores da pradaria. Assim pois, vamos considerar a oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, será com uma condição: O homem branco deverá tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo outros costumes. Eu vi milhares de búfalos a apodrecer na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia de um comboio em movimento. Eu sou um selvagem que não compreende que o cavalo de ferro fumegante possa ser mais importante do que o búfalo que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossa vida. O que seria do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais não tarda a acontecer ao homem. Todas as coisas estão relacionadas entre si.
Deverão ensinar aos vossos filhos que o chão debaixo dos seus pés é feito das cinzas dos nossos antepassados. Ensinem aos vossos filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão é sobre eles próprios que cospem. Uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo o que acontece à terra acontece aos filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a teia da vida, ele não passa de um fio da teia. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Mas nós vamos considerar a vossa oferta e ir para a reserva que destinais ao meu povo. Viveremos à parte e em paz. Que nos importa o lugar onde passarem os o resto dos nossos dias ? Já não serão muitos. Ainda algumas horas, alguns Invernos e não restará qualquer dos filhos das grandes tribos que viveram outrora nestas terras, ou que vagueiam ainda nas florestas. Nenhum estará cá para chorar as sepulturas de um povo tão poderoso e tão cheio de esperança como o vosso. Mas porque chorar o fim do meu povo ? As tribos são constituídas por homens e nada mais. E os homens vão e vêm como as vagas do mar. Nem o próprio homem branco pode escapar ao destino comum. Apesar de tudo talvez sejamos irmãos, veremos. Mas, nós sabemos uma coisa, que o homem branco talvez venha a descobrir um dia, o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus dos homens e a Sua misericórdia é a mesma para o homem de pele vermelha e para o homem branco. A terra é preciosa aos olhos de Deus e quem ofende a terra cobre o seu criador de desprezo. O homem branco perecerá também e, quem sabe, antes de outras tribos. Continuem a macular o vosso leito e irão sufocar nos vossos desperdícios.
Mas na vossa perdição brilhareis em chamas ofuscantes acendidas pelo poder de Deus que vos conduziu e que, por desígnios só por Ele conhecidos, vos deu poder sobre estas terras e sobre o homem de pele vermelha. Este destino é para nós um mistério. Não o compreendemos quando os búfalos são massacrados, os cavalos selvagens subjugados, os recantos secretos das florestas ficam impregnados do odor de muitos homens e as colinas desfiguradas pelos fios falantes. Onde está a floresta virgem ? Desapareceu. Onde está a águia ? Morreu. Qual o significado de abandonar os póneis e a caça ? É parar de viver e começar a vegetar. É nestas condições que vamos considerar a oferta da compra das nossas terras. E se aceitarmos será apenas para ficarmos seguros de recebermos a reserva que nos prometeram. Talvez aí possamos acabar os nossos dias e quando o último homem de pele vermelha tiver desaparecido desta terra, e a sua recordação não for mais do que a sombra de uma nuvem deslizando na pradaria, estes lugares e estas florestas abrigarão ainda os espíritos do meu povo. Assim se vendermos as nossas terras amai-as como as temos amado e cuidai delas como nós cuidámos. E com toda a vossa força e o vosso poder conservem-na para os teus filhos e amem-na como Deus nos ama a todos.
Sabemos uma coisa: o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele ama esta terra. O próprio homem branco não pode fugir ao mesmo destino. Talvez sejamos irmãos, veremos.
publicado por Armando S. Sousa às 10:35

Junho 06 2005

Desembarque dos Aliados na Normandia em 6 de Junho de 1944.
publicado por Armando S. Sousa às 12:27

mais sobre mim
Junho 2005
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12
13
14
16
18

19
20
22
24
25

26
27
29


pesquisar
 
subscrever feeds
blogs SAPO