A Fábrica

Janeiro 31 2005

Ontem passou mais aniversário da morte de Mahatma Gandhi. Como tenho vindo a fazer, com outros grandes homens que forjaram a história, vou escrever algumas notas biográficas.
Mohandas Karamchand Gandhi, nasceu em 2 de Outubro de 1869 em Porbandar, estado de Gujarat na Índia. Apóstolo da não violência, cognominado o Mahatma (A grande alma) pelo seu povo. Nascido de uma família rica e culta, fez os estudos de Direito em Londres, entre 1888 e 1891 e consagra-se à leitura do Bhagavad-Giza, do Novo Testamento e dos filósofos ocidentais, que tão grande influencia teriam sobre ele. De 1893 a 1914 estabelece-se como advogado na África do Sul, defendendo os direitos políticos e sociais da vasta comunidade indiana contra a segregação racial, nomeadamente através do jornal Opinião Indiana, por ele fundado. De regresso à Índia, participa na vida política, tornando-se chefe do Congresso, em 1919. Depois do massacre de Amritsar, convence os seus compatriotas a boicotar as instituições e produtos ingleses, iniciando-se uma série de manifestações não violentas. Em 1930 toma a chefia de um movimento de luta aberta contra a Inglaterra.Através de longas greves de fome, manifesta a sua revolta contra o domínio inglês, sendo encarcerado várias vezes: no plano interno tenta conciliar muçulmanos e hindus e melhorar a condição dos Intocáveis. Em 1947 a sua política triunfa com a obtenção da independência da Índia, mas não pode impedir a separação do Paquistão. Foi assassinado, em 30 de Janeiro de 1948, em Nova Deli, por um fanático brâmane que desaprovava a sua política de tolerância religiosa. As suas cinzas foram imersas no rio Ganges perante uma multidão consternada. A sua dignidade moral e o exemplo da sua vida fazem de Gandhi uma figura inesquecível. Deixou uma obra intitulada "Experiências da Verdade".
Se pretender saber mais, não deixe de visitar www.gandhiserve.org.
publicado por Armando S. Sousa às 18:02

Janeiro 29 2005


"O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido.Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta cada dia. Vivemos todos ao acaso.Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual parada...
A ruína económica cresce,cresce,cresce. As quebras (falências) sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.O país vive numa sonolência enfastiada.A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!
Ninguém se ilude."

Quando lemos este texto de Eça de Queiroz, publicado no primeiro número d'As Farpas, corria o mês de Maio de 1871, não podemos deixar de pensar, que o retrato que Eça fazia do país no século XIX, não é muito diferente do Portugal dos dias que correm. O nosso País continua a ser um país de imbecilidades, de conveniências,de compadrios nas altas esferas do Estado, de nomeações descaradas para pagar favores,de vazio de objectivos económicos e sociais, de indústria em decadência e por consequência desemprego, de comércio falido, de miséria social, de falta de solideriedade, de salários de miséria, de um sistema judicial inerte, de corrupção fiscal. A acção política perdeu a responsabilidade, a nobreza, a paixão dos homens e das mulheres dispostas a lutar e a sofrer pelos seus ideais.Um país triste, como é a sua música. Espero estar enganado, mas não me parece que vamos conseguir inverter este sentimento no próximo dia 20 de Fevereiro."Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

Texto nas páginas 16 e 17 de "As Farpas", de Eça de Queiroz/Ramalho Ortigão, coordenação Maria Filomena Mónica, edição Principia.
publicado por Armando S. Sousa às 12:37

Janeiro 29 2005

Há 70 anos, 28 de Janeiro de 1935, a Islândia tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar o aborto.

Enquanto isso, em Portugal temos de continuar a ler notícias como esta:

Em 2003, o aborto clandestino terá levado aos hospitais portugueses mais de mil mulheres, uma média de três por dia, a crer em dados ontem adiantados pela Lusa, que cita um relatório da Direcção-Geral de Saúde (DGS).
publicado por Armando S. Sousa às 01:08

Janeiro 28 2005

Quando vi o filme de Michael Moore "Fahrenheit 9/11", fiquei com a certeza absoluta que George W. Bush, mais a sua Administração eram muito maus actores.Ontem veio a confirmação, pela Golden Raspery Award Foundation, ao nomear George W. Bush na categoria de "Pior Actor do Ano". A Golden Raspery Award Foundation organiza de à 25 anos para cá, a gala dos prémios Razzie, os galardões do pior que se faz no Cinama. As nomeações deste ano, contemplaram com generosidade toda a Administração de George W. Bush: a conselheira de segurança nacional Condoleezza Rice foi nomeada para "Pior Actriz Secundária" e o secretário da Defesa Donald Rumsfeld para "Pior Actor Secundário", todos pelas suas prestações(involuntárias) no filme "Fahrenheit 9/11".Na boa tradição de receber as más notícias antes das boas, os vencedores dos Razzie serão conhecidos a 26 de Fevereiro próximo, um dia antes da cerimónia de entrega dos Óscares.
Para saber, sobre todos os nomeados, queiram visitar Annual Golden Raspberry (RAZZIE®) Award Nominations.
publicado por Armando S. Sousa às 13:52

Janeiro 27 2005

No dia 27 de Janeiro assinala-se os 60 anos de libertação por parte do exército soviético,( entretanto institucionalizado Dia da Memória em diversos países ocidentais) do complexo da morte de Auschwitz-Birkenau. Auschwitz, símbolo do Mal para todos os homens de boa vontade, têm suscitadado as mais diversas paixões desde da sua libertação.Sectores da extrema-direita pretenderam lançar o boato de que a "solução final nunca existiu".Os soviéticos ofereceram-lhes, aliás, o pretexto de bandeja, ao propagandearem que em Auschwitz tinham sido mortos "quatro milhões de antifascistas", ou seja mais que duplicaram o número e omitindo o facto de 90 por cento das vítimas serem judeus apolíticos. É bom para a Humanidade que o complexo-Birkenau, permaneça de pé. Não como um exorcismo.Não como um simbolo do mal.Antes como um inestimável suporte para a breve memória humana. Para que não volta a repetir-se.
Estes, sete post's abaixo colocados, é para evocar os milhões de vítimas, e para dizer bem alto, NUNCA MAIS!
Se pretender saber mais, não deixe de visitar o excepcional blog de Pedro Éfe,salvoseafogados.


publicado por Armando S. Sousa às 15:13

Janeiro 27 2005

"Arbeit Macht Frei", (O trabalho liberta), lia-se provocatoriamente à entrada do complexo da morte de Auschwitz-Birkenau. Este campo de extermínio situado na Polónia, foi criado pelo regime nazista em 1940, com o objectivo inicial de reunir os prisioneiros políticos polacos. Entretanto, com o decorrer da guerra, Auschwitz-Birkenau tornou-se no campo de concentração mais atroz do genocídio do povo judeu, devido às execuções em massa. Calcula-se que cerca de um milhão e quinhentos mil judeus, tenham sido dizimados neste campo.Tudo começou em fins de 1941, quando a Gestapo recebe a ordem para executar a "solução final da questão judia", ou seja exterminar a raça judia.Esta medida foi adoptada em 20 de Janeiro de 1942 por altura da Conferência de Wannsee.

As execuções em massa começaram em Maio de 1942, quando mil e duzentos judeus, são enviados para as câmaras de Gás.

Em 27 de Janeiro de 1945, o exército soviético liberta o campo da morte e encontra perto de três mil homens e mulheres escanzelados, pesando entre 23 e 35 kg.

Auschwitz, tornou-se o simbolo do Mal para todos os homens de vontade.

publicado por Armando S. Sousa às 15:12

Janeiro 27 2005

O mundo não queria acreditar que o vendaval de loucura assassina a que se assistia era obra de seres humanos.A inacreditável máquina de terror idealizada pelos nazis era a mais macabra materialização da ideologia em que assentava o todo poderoso estado hitleriano.Quando as tropas aliadas foram libertando, um após outro os campos de concentração erguidos pelo III Reich, anotícia do extermínio de mais de 8 milhões de pessoas de todas as idades, raças e credos tombou, como uma pesada pedra, sobre a consciência da Humanidade.Uma pergunta, uma só, ecoava no espírito de todos:Como foi possível tamanha crueldade?

O regime nazi utilizou o encarceramento em campos como um maquiavélico sistema, pensado para satisfazer necessidades diversas, fossem elas de cariz político ou, a posteriori, económicas.E m março de 1933, dois meses sobre a chegada ao poder, Hitler aproveito a inauguração dos dois primeiros campos - Oranienburg e Dachau - para definir a sua utilidade:"A brutalidade inspira respeito.As massas têm necessidade de quem lhes incuta temor, que as converta numa mole temerosa e submissa.Não quero quero os campos de concentração se transformem em pensões familiares.O terror é o mais eficaz dos instrumentos políticos...Os descontentes e os insubmissos, quando souberem o que os espera no campo de concentração, pensarão duas vezes antes de nos desafiarem.Agrediremos os nossos adversários com uma feroz brutalidade, não hesitando em vergá-los aos interesses da nação" Quer isto dizer que os campos de concentração surgiram com a finalidade de reprimir qualquer tentativa de oposição política.

Às SA -as Sturm Abletung, seccção de assalto- coube, numa primeira fase, o controlo dos campos.Uma missão interrompida a 30 de Junho de 1934, a célebre "noite das facas longas", dia em que este corpo é praticamente aniquilado, por ordem directa de Hitler.

Para as substituir foram criadas as temíveis SS.

publicado por Armando S. Sousa às 15:11

Janeiro 27 2005

Antes do início da Segunda Guerra Mundial, os nazis enviaram para os campos de concentração a totalidade dos opositores ao regime, fossem eles conservadores ou comunistas. Só na sequência da "Noite de Cristal", a 10 de Novembro de 1938, e da anexação da Áustria, os judeus se irão juntar aos presos políticos. A perseguição feroz e paranóica ao povo judeu apenas se manifesta de forma mais violenta após a conquista da Polónia, dando corpo às directivas constantes da "acção de pacificação" - era esse o nome dado às referidas directivas- com que se pretendia aniquilar a "Intelligentzia" polaca, por forma a impedir a sua influência junto da população. Hitler queria e as palavras são suas " manter um baixo nível de vida e escravos baratos". Este conceito de aproveitamento económico dos habitantes dos países ocupados provocará em 1942, uma viragem na política de utilização dos campos. Até então o recurso a presos como mão-de-obra para as fábricas de armamento ou de interesse nacional estava formalmente impedido. A partir de Setembro de 1942, o esforço militar alemão impôs uma mudança de filosofia -"o extermínio pelo trabalho"- que se traduziu na aniquilação massiva de prisioneiros.Os primeiros beneficiados com esta alteração foram as SS, que a partir de então se transformaram nos verdadeiros patrões desta quase inesgotável mão de obra, manejando-a e utilizando-a a seu bel prazer.Deles passa a depender o recrutamento destes operários forçados, imprescendíveis para o aparelho produtivo alemão.A alimentação, de muita má qualidade e quase inexistente, surge como a principal causa de morte de várias centenas de milhar de prisioneiros, facto que, pasme-se deixou o chefe máximo das SS, Heinrich Himmler, profundamente indignado.A espiral de homicídios atingia em 1944, a espantosa cifra mensal de 30 mil mortos.O avanço dos Aliados em duas frentes, ocidental e oriental e o colapso da economia do Reich parecem ter enlouquecido ainda mais os nazis os líderes nazis.O extermínio converteu-se nas palavras do própio Himmler, numa "necessidade imperiosa, nos numerosos campos de concentração.Os métodos usados até então eram baseados no pressuposto de que o terror era a melhor forma de negar a personalidade do individo e de o manipular. A partir de então com os campos em risco de cair em mãos inimigas, a morte quantitativa substitui o principio do castigo.

Mais do que castigar urge exterminar.

publicado por Armando S. Sousa às 15:10

Janeiro 27 2005

Entra-se na fase do uso intensivo das câmaras de gás, das experiências ditas científicas, da sofisticação dos meios de tortura empregues, da patologia do executor.Avaliar, em números exactos a extensão do genocídio é uma tarefa impossível. Mesmo sabendo-se que os oficiais das SS faziam a "contabilidade" dos massacres diários, estes não deixaram de destrir os documentos comprometedores antes de fugirem ou serem capturados.Estima-se assim que o número de judeus mortos se tenha aproximado dos seis milhões, a estes à a juntar mais de dois milhões de indivíduos de todas as raças, crenças, níveis sociais e etnias. Em suma, neste vendaval de loucura pela Europa, os nazis deixaram atrás de si uma marca indelével de terror e morte.Foi assim em Auschwitz, em Dachau, em Buchenwald, em Schsenhausen, em Mauthausen, em Flossenburg, em Neuengamme, em Mecklenburg, em Treblinka, em Sobibor, em Maidanek, em Stutthof, em Salapsis, em...
publicado por Armando S. Sousa às 15:09

Janeiro 27 2005

Os principais chefes nazis - Hitler, Himmler, Goebbels - estavam mortos quando a Segunda Guerra Mundial terminou.Os principais cabecilhas dos campos de concentração optaram pelo suícidio ou foram julgados e executados no final do julgamento de Nuremberga ou de outros julgamentos realizados especialmente, como por exemplo, o processo Eichmann.
A caça aos criminosos de guerra nazis ficou, no pós -guerra, a cargo de associações criadas especialmente para o efeito, constituídas por sobreviventes judeus apoiados por Israel.Ainda hoje se estima que dos duzentos mil responsáveis pelo genocídio, terão sido julgados pouco mais de trinta e cinco mil.A responsabilidade não deve ser atribuida à totalidade do povo alemão que, na sua esmagadora maioria repudiava o que se passava nos campos de concentração.Apenas os conscientes e loucos, a maioria dos dirigentes nazis, devem carregar a culpa e o fardo de milhões de cadáveres.O povo alemão que a pouco e pouco ia tomando conhecimento do que se passou nos campos, pouco ou nada podia ter feito para contrariar o maior crime colectivo da História, da Humanidade.
Duas palavras: SEM PERDÃO.
publicado por Armando S. Sousa às 15:08

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