Alexandre Soljenitsin faleceu às 23 horas de domingo de “insuficiência cardíaca aguda”, segundo declarou o filho do escritor.
Soljenitsin é mais conhecido por ter revelado ao mundo a realidade do sistema soviético em livros como “Arquipélago de Gulag”, “Um Dia na Vida de Ivan Denissovitch”, ou “O Primeiro Círculo”.
Alexandre Soljenitsin foi quem mostrou ao mundo o universo inumano dos campos de concentração soviéticos no seu clássico "Arquipélago de Gulag".
Patriota com uma determinação comparável, segundo os críticos, à de Fedor Dostoievski, não foi capaz de vencer o cancro de que padecia e acabou por falecer de insuficiência cardíaca aguda na sua residência em Moscovo.
Dos campos de batalha, em 1941, aos campos de concentração, em 1945, foi um passo. Uma simples carta, escrita a um amigo em Janeiro de 1945, provocou a prisão do capitão de artilharia do Exército Vermelho Alexandre Soljenitsin. Naquela carta estavam escritas algumas palavras amargas contra os privilégios existentes no seio do Exército e contra a conduta de Estaline em relação à guerra. Estaline não admitia, no entanto, qualquer espécie de crítica à sua actuação como político e como homem.
Libertado em 1953, foi exilado para a Ásia Central, onde começou a escrever, viajando depois para Riazan, a duas centenas de quilómetros de Moscovo, para ser professor.
O sucessor de Estaline, Nikita Krushtchev, deu "luz verde" à publicação - na revista Novy Mir - de "Um Dia na Vida de Ivan Denissovitch", relato do quotidiano de um recluso nos "gulag", editado a 18 de Novembro de 1962.
Uma onda de choque sacudiu a Rússia e em especial os meios soviético mas, sobretudo, o mundo, que abriu os olhos para uma realidade até então desconhecida.
O Nobel da Literatura foi-lhe atribuído em 1970, mas declinou ir recebê-lo a Estocolmo com receio de não poder regressar à mãe Rússia, então com Leónidas Brejnev, à frente da União Soviética.
O seu primeiro casamento terminou em divórcio quando estava a ponto de concluir a sua obra magna, o "Arquipélago de Gulag".
Em 1994 voltou à Rússia e espantou toda a gente ao aprovar a guerra na Tchetchénia desencadeada por Ieltsine , pedindo a pena de morte para os independentistas.
Aproximando-se a seguir do então Presidente Vladimir Putin, louvando publicamente as suas qualidades, Soljenitsin atacou ainda os hebreus, ao ponto de o Congresso Judaico Russo o ter acusado de anti-semitismo. (Fontes Lusa/Bertrand).